Thursday, June 28, 2007



Better Together, from Jack Johnson
There is no combination of words I could put on the
back of a postcard
No song that I could sing but I can try for your heart

Our dreams and they are made out of real things
Like a shoebox of photographs with sepia-toned loving

Love is the answer at least for most of the questions
in my heart
Why are we here? And where do we go? And how come it's
so hard?
It's not always easy and sometimes life can be
deceiving
I'll tell you one thing, it's always better when we're
together

It's always better when we're together
Yeah we'll look at the stars when we're together
Well it's always better when we're together
Yeah!! it's always better when we're together

And all of these moments just might find their way
into my dreams tonight
But I know that they'll be gone when the morning light
sings
Or brings new things for tomorrow night you see
That they'll be gone too, too many things I have to do

But if all of these dreams might find their way into
my day to day scene
I'd be under the impression I was somewhere in between

With only two, just me and you, not so many things we
got to do
Or places we got to be we'll sit beneath the mango
tree now

Yeah it's always better when we're together
We're somewhere in between together
Well it's always better when we're together
Yeah it's always better when we're together

I believe in memories they look so pretty when I sleep

And when I wake up you look so pretty sleeping next to
me
But there is not enough time
And there is no song I could sing
And there is no combination of words I could say
But I will still tell you one thing
We're better togetherohnson

Wednesday, June 27, 2007


Há um espaço vazio que freme em mim

E se eterniza nas noites soturnas,

Em que os sonhos se repelem

Num qualquer beco desta vida amarga.


Sinto, nesses dias solitários, uma ausência.

Que, inevitavelmente, me faz erguer muros.

Ergo os muros, não os tectos.

E estes ombros vão vergando sobre o peso da incerteza.


Há dias em que o mundo desaba.

Sem qualquer causa identificável.

Aniquilada sobre o peso da solidão,

Observo apenas a imagem esbatida,

de sentimentos que não encontro mais em mim.


Há dias em que me sinto longe,

Apática, transtornada, fraca, feia.

Na corda bamba,

Oferecendo aquilo que ainda consigo dar.


Há dias em que me sinto diluir,

inerte neste mundo avassalador,

sem ninguém que me proteja,

sem a coragem de pedir protecção.


27.06.07




Tuesday, June 19, 2007


A vida não passa de uma viagem de comboio, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis, e grandes tristezas. Quando nascemos, entramos neste comboio e deparamo-nos com algumas pessoas, que julgamos que estarão sempre nessa viagem connosco. Os nossos pais. Infelizmente isso não é verdade, porque em alguma estação eles descerão e irão deixar-nos órfãos do seu carinho, amizade, e companhia insubstituível. Mas isso não impede que durante a viagem, pessoas interessantes, e que virão a ser super especiais para nós embarquem. Chegam os nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos. Muitas pessoas apanham este comboio apenas em passeio, outros encontrarão nesta viagem só tristezas, há outros que andarão pelo comboio apenas para ajudar quem precisa. Muitos saem e deixam saudades eternas, muitos outros passam por ele de uma forma que quando desocupam o seu lugar quase ninguém percebe. Curioso é verificar que alguns passageiros, que nos são tão queridos, entram em carruagens diferentes da nossa, e por isso somos obrigados a fazer a viagem separados deles. O que não nos impede de que durante a viagem atravessemos com grande dificuldade a nossa carruagem e cheguemos até eles. Só que infelizmente jamais nos poderemos sentar junto deles, porque já lá está alguém a ocupar o lugar. Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas.... mas nunca retornos. Devemos por isso tentar fazer esta viagem da melhor maneira possível, tentando relacionar-nos bem com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que tiverem de melhor. Temos que nos lembrar sempre que em algum ponto da viagem eles poderão fraquejar e provavelmente precisamos entender isso, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e de certeza haverá alguém que nos entenderá. O grande mistério afinal é que nunca saberemos em que estação iremos descer, muito menos os nossos companheiros, nem mesmo aqueles que estão sentados ao nosso lado. Eu penso que quando descer deste comboio sentirei saudades. Acredito que sim. Separar-me de alguns amigos que fiz nele será no mínimo doloroso, e deixar os meus filhos continuar a viagem sozinhos será muito triste. Agarro-me à esperança que em algum momento eu estarei na estação principal e que terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram. O que me vai deixar feliz. Vamos fazer com que a nossa viagem neste comboio seja tranquila e que tenha valido a pena.
E que quando chegar a hora de deixarmos o comboio, o nosso lugar vazio deixe saudades e boas recordações para aqueles que continuarem no comboio.


Para ti, que és parte do meu comboio, desejo-te uma


Viagem Feliz!



Silvana Duboc

Sunday, June 10, 2007


Um dia, o destino, trôpego velho de cabelos cor da neve, deu-me uns sapatos e disse-me:
- Aqui tens estes sapatos de ferro, calça-os e caminha… Caminha sempre, sem descanso, nem fadiga, vai sempre avante não te detenhas, não pares nunca!... A estrada da vida tem trechos de céu e paisagens infernais; não te assuste a escuridão, nem te deslumbres com a claridade; nem um minuto sequer te detenhas à beira da estrada; deixa florir os malmequeres, deixa cantar os rouxinóis. Quer seja lisa, quer seja alcantilada a imensa estrada, caminha, caminha sempre! Não pares nunca! Um dia, os sapatos hão-de romper-se; deter-te-ás então. É que terás encontrado, enfim os olhos perturbadores e profundos, a boca embriagante e fatal que há-de prender-te para todo o sempre!
Isto disse-me um dia o destino trôpego velho de cabelos cor de neve.
Calcei os sapatos e caminhei. O luar era profundo; às vezes, cantavam nas matas os rouxinóis… Outras vezes, ao sol ardente do meio-dia desabrochavam as rochas, vermelhas como beijos de sangue; as borboletas traziam nas asas, finas como farrapos de seda, os perfumes delirantes de milhares de corolas! Outras vezes ainda, nem uma estrela no céu, nem um perfume na terra, e eu ouvia a meus pés a voz do imenso abismo. Passei pelo reino do sonho, pelo país da esperança e do amor que, ao longe, banhado pelo sol, dá a impressão duma imensa esmeralda, e vi também as terras tristes da saudade, onde o luar chora noite e dia! Não me detive nem um só instante! O coração ficou-me a pedaços dispersos pelos caminhos que percorri, mas eu caminhei sempre, sem fraquejar um só momento!... Há muito tempo que ando, tenho quase cem anos já, os meus cabelos tornam-se cor do linho, e o meu frágil corpo inclina-se suavemente para a terra, como uma fraca haste sacudida pela nortada. Começo a sentir-me cansada, os meus passos vão sendo vagarosos na estrada imensa da vida!
E os sapatos inda se não romperam!
Onde estareis vós, ó olhos perturbadores e profundos, ó boca embriagante e fatal que há-de prender-me para todo o sempre?!...


Espanca, Florbela, (2000), Contos e Diário, Publicações Dom Quixote, p. 23-24

Thursday, June 7, 2007

Será????



A solidão concede ao homem intelectualmente superior uma vantagem dupla: primeiro, a de estar só consigo mesmo; segundo, a de não estar com os outros. Esta última será altamente apreciada se pensarmos em quanta coerção, quantos estragos e até mesmo quanto perigo toda a convivência social traz consigo. «Todo o nosso mal provém de não podermos estar a sós», diz La Bruyère. A sociabilidade é uma das inclinações mais perigosas e perversas, pois põe-nos em contacto com seres cuja maioria é moralmente ruim e intelectualmente obtusa ou invertida. O insociável é alguém que não precisa deles. Desse modo, ter em si mesmo o bastante para não precisar da sociedade já é uma grande felicidade, porque quase todo o sofrimento provém justamente da sociedade, e a tranquilidade espiritual, que, depois da saúde, constitui o elemento mais essencial da nossa felicidade, é ameaçada por ela e, portanto, não pode subsistir sem uma dose significativa de solidão. Os filósofos cínicos renunciavam a toda a posse para usufruir a felicidade conferida pela tranquilidade intelectual. Quem renunciar à sociedade com a mesma intenção terá escolhido o mais sábio dos caminhos.


Arthur Schopenhauer, Aforismos para a Sabedoria de Vida



Será a solidão total possível?

Será possível sermos felizes sozinhos, sem nos vincularmos a outras pessoas? Sem ter quem nos faça sorrir ou chorar? Sem ter quem nos magoe, para que possamos dar valor aos que nos amam, aos que nos prometem a felicidade num simples gesto, ou olhar?