Monday, March 26, 2007

E existência apenas...

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma. E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

Alberto Caeiro

Será a beleza inerente ao objecto ou uma qualidade que lhe atribuímos, nada imparcial, consoante as noções de perfeição que categorizámos, de forma quase inconsciente?
Porque atríbuímos, sequer, valor aos objectos? Qual é a função do belo nas nossas vidas?
Enquanto seres finitos e imperfeitos, como surge a ideia da perfeição em nós?
Deixe aqui a sua opinião ;)

3 comments:

Sílvia Lopes said...

O ser humano tem uma certa necessidade em agrupar tudo em conceitos, tem k haver sp uma definição, é assim k surgem os conceitos de beleza, amor, etc... é cm se colocasse-mos um rotulo numa embalagem, com o respectivo valor nutricional (ora pa existir amor tem k haver 200g disto e 200g dakilo looool) sem nos apercebermos k a mesma embalagem pode conter "produtos" diferentes. Por tudo isto, penso k os conceitos cm beleza são muito relativos,e na realidade a beleza existe mas n cm mero conceito ou um padrão universal, mas cm algo individual k toda a gente tem à sua maneira. Tal cm o Amor, s todos somos diferentes por fora e ate por dentro, não podemos amar da mm forma, torna-se uma palavra muito pequena pa exprimir varias definições. Cm dizia Alberto Caeiro: "Quem está ao sol e fecha os olhos, / Começa a não saber o que é o Sol/ E a pensar muitas coisas cheias de calor. / Mas abre os olhos e vê o Sol/ E já não pode pensar em nada..."
Pronto mão sei se andei aki a "fugir" ao tema do teu post :s mas foi o k m surgiu, as minhas reflexões looool
Eu tb gxto muito do Caeiro, apesar de n ter gxtado mto de dar Fernado Pessoa no 12º :S Este heteronimo tem uma escrita mto simples, tal cm Cesario Verde e eu gxto de coisas simples =)

beijinho***

Catarina said...

Sim, o ser humano tem uma grande necessidade de racionalizar o mundo que ele próprio criou. Talvez seja a sua forma de tentar perceber o que o rodeia, mesmo que só semanticamente. Porque ter definições e opiniões acerca de conceitos abstractos parece transmitir-nos uma certa segurança. Mais do que a novidade, sentimos falta da paz que a segurança nos transmite. Eu acho.. Mas voltámos ao ponto de partida, isto são tudo conceitos demasiado relativos para poderem ser abordados de um único ponto de vista.. :P
Jinhos =)

Monica said...

Não sabemos viver bem com o que não percebemos. É por isso que catalogamos, atribuimos significado às coisas, conceptualizamos. Não que fikemos a perceber melhor, mas torna-se mais claro, mais evidente, mais próximo do que conseguimos entender. Se a maneira como o fazemos é de facto perceber a realidade?? Não sei..não sei.


Ah e tal..já cá vim comentar e já me puseste a pensar. Deves pensar que isto é uma bela aula de TPG e tal...xD.

Eu gosto deste espaço..essa é que é essa. Alberto Caeiro é bom. Fernando Pessoa é belissimo..:P



beijinho**