Thursday, January 1, 2009

Feliz Ano Novo


“O Papalagui adora muita coisa, mas acima de tudo gosta de uma coisa que não se pode agarrar e que no entanto existe: o tempo. Leva-o muito a sério e conta toda a espécie de tolices acerca dele. Embora não possa haver mais tempo do que o que medeia do nascimento ao pôr-do-sol, isso para o Papalagui nunca é bastante(…) Ao ouvir o barulho da máquina do tempo, queixa-se assim: “Que pesado fardo! mais uma hora passou!” E, ao dizê-lo, mostra geralmente um ar triste, como alguém condenado a uma grande tragédia. No entanto logo a seguir principia uma nova hora! (…) Oh! Meus queridos irmãos! Nós nunca nos queixamos do tempo, amámo-lo e acolhemo-lo tal como ele era, nunca corremos atrás dele, nunca tentamos amalgamá-lo ou cortá-lo em pedaços. Nunca ele nos deixou desesperados ou acabrunhados. Se algum de nós há aí a quem falte tempo, que diga! Todos nós o possuímos em quantidade, não temos razões de queixa. Não precisamos de mais tempo do que o que temos, temos sempre tempo suficiente. Sabemos que atingiremos o nosso alvo a tempo, e que muito embora ignoremos quantas luas se passaram, o Grande Espírito nos chamará quando lhe aprouver. Devemos curar o Papalagui da sua loucura e desvario, para que ele volte a ter noção do verdadeiro tempo que tem perdido. Devemos destruir as suas pequenas máquinas do tempo e levá-lo a confessar que há muito mais tempo do nascer ao pôr-do-sol do que ao homem lhe é dado a gastar”

O Papalagui, tradução de Luiza Neto Jorge
Que este ano não nos falte o tempo, tempo para aprender e esquecer, amar e perder, trabalhar e vencer, ultrapassar obstáculos mesmo que não de forma tão rápida quanto gostaríamos.
Se não corrermos, andamos. Se não andarmos, gatinhamos. O que interessa é ir andando. Não é isto a vida?
Que 2009 seja, sobretudo, um ano de crescimento pessoal e que, ainda que possa vir a ser muito agitado, saibamos manter o silêncio em nós. Bom ano para todos! Muita paz, amor e alegria...

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