Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma. E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!
Alberto Caeiro
Será a beleza inerente ao objecto ou uma qualidade que lhe atribuímos, nada imparcial, consoante as noções de perfeição que categorizámos, de forma quase inconsciente?
Porque atríbuímos, sequer, valor aos objectos? Qual é a função do belo nas nossas vidas?
Enquanto seres finitos e imperfeitos, como surge a ideia da perfeição em nós? Deixe aqui a sua opinião ;)